Estreias

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Crítica - 'Anomalisa'


     Bem-vindo as estranhezas de Charlie Kaufman no filme mais humano do ano, ou até da década protagonizados por marionetes na animação, ‘Anomalisa’. Com um dos melhores roteiristas em atividade, Kaufman coleciona obras impecáveis como ‘Quero Ser John Malkovich’, ‘Sinédoque Nova York’ e ‘Confissões de uma Mente ‘Perigosa’, o roteirista e agora diretor entrega novamente um trabalho incrível em mais um roteiro criativo, complexo, imergindo em um mundo singular de metalinguagens e reflexões existenciais. 

A animação em stop-motion acompanha Michael Stone, pai de família e referencia na área de atendimento ao cliente, que chega a cidade de Cincinnatti a trabalho. Desiludido com a vida e alheio a tudo, a rotina de Stone é depressiva e penosa, eis o motivo de ouvir vozes de mesmo som. Porém em sua viagem, o escritor conhece Lisa, uma mulher que o faz enxergar o mundo de outra maneira.           

   Dirigido por Kaufman e Duke Johnson, a escolha pela animação em stop motion e apenas três dubladores foi o ideal para acompanharmos a mente confusa do protagonista e entregar um tom melancólico durante quase todo o filme. Com um jogo de câmera interessante em plano-sequencia seguindo os passos do personagem ao ser hospedado no hotel Fregoli e concebendo uma profundidade de campo, tudo passa a ser mais agonizante e claustrofóbico, causando estranheza ao espectador. Afinal, isso é Kaufman.       

   Com os primeiros minutos marcando toda a apatia do personagem Stone através de momentos mundanos. O filme consegue transmitir toda a complexidade da relação humana de um cotidiano simples e comum de qualquer pessoa.

    Outro ponto de pura excentricidade é a maneira como o diretor lida uma marionete, um humano.  Tudo parece ser real, mesmo se tratando de uma animação - seja pela textura da pele e pelos olhares. Porém o filme reforça que aquele mundo só a bonecos a partir da câmera focar no perfil nos personagens e mostrar as linhas de montagem.    
 
    Indiferente, angustiante e esquisito, ‘Anomalisa’ é cheio de analises, cenas subversivos e não é para qualquer um.  Acima de 18 anos, o longa requer do espectador maior discernimento e pode soar entediante e insosso, porém traz um preceito muito forte, aborda a sociedade de maneira honesta e uma melhor analise da obra pode trazer mensagens apavorantes.
                                                                       
 
NOTA: 8,3

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