Estreias

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Crítica - 'Me Chame Pelo Seu Nome'


   Nos últimos anos, grandes produções LGBT vêm se notabilizando no cinema atual. Basta relembrar os indicados ao Oscar dos últimos três anos e encontramos ‘Carol’ (2015), ‘Moonlight’ (2016) e agora o aclamado ‘Me Chame Pelo Seu Nome’. Nenhum deles superestimados, todos com uma forte mensagem diante do cenário atual e nada mais justo o novo longa do italiano Luca Guadagnino entrar nessa lista.      

   Baseado no romance escrito pelo egípcio André Aciman, a trama acompanha as férias do adolescente Elio (Timothée Chamalet) na casa de campo da família, situada do norte da Itália em 1983. Criado por uma família de intelectuais, seu pai (Michael Stuhlbarg), historiador e especialista em cultura grego-romana, recebe a visita do acadêmico Oliver (Hammer), no intuito de ajudá-lo em sua pesquisa. Não demora muito para os dois mostrarem um interesse mútuo.
 
   O grande acerto da direção de Guadagnino é a construção dos sentimentos a partir de eventos corriqueiros e pontuais, evitando o teor moralista a trama e, conseqüentemente, o julgamento. ‘Me Chame Pelo Seu Nome’ centra-se no crescimento do adolescente Elio a fase adulta reforçando suas temáticas sobre o autodescobrimento, maturidade e identidade sexual.  O próprio jogo de câmera do diretor comprova esse feito, administrando os planos abertos, médios e primeiros planos e, até mesmo, evitando mostrar algo a mais, diante da serenidade narrativa e a crescente tensão sexual do casal protagonista.       

   Diante disso, a expectativa do público cresce sobre onde o filme vai parar até a chegada dos finalmente. Mas antes de chegar a esse ponto, a primeira metade é marcado com clássicos clichês do gênero,  eventos maçantes e muitas cenas contemplativas, o famoso lenga-lenga. ‘Me Chame Pelo Seu Nome’ cresce, de fato, após imprimir sua forte premissa na segunda metade e na surpreendente química entre Timothée Chamalet e Hammer.    
 
   A dinâmica agressiva e o relacionamento genuíno são realçados pelas ótimas interpretações dos atores Chamalet e Hammer. Demonstrando um rapaz culto em razão de sua criação, mas também inseguro em seus sentimentos envolvendo sua namorada Marzia (Esther Garrel) e o acadêmico, Chamalet se entrega por inteiro no papel. Já Hammer entrega sua melhor atuação da carreira, mostrando no começo ser um rapaz egocêntrico, cativante e cortês, mas que depois se entrega as suas emoções.                                                          

  Enquanto os dois são o centro em ‘Me Chame Pelo Seu Nome’, pouco se sabe sobre os personagens secundários. A personagem Marzia serve mais como um artifício para o desenvolvimento de Elio e pouco se conhece a sua, a mãe de Elio é praticamente esquecida e quem sobra para brilhar é seu pai (Michael Stuhlbarg). Mesmo sem um grande aprofundamento de sua profissão, seu monologo no final da produção é digno de aplausos, merece ser compartilhado ao redor do mundo e poderia finalizar o filme com chave de ouro. 

  ‘Me Chame Pelo Seu Nome’ sofre com alguns problemas de ritmo, poderia ter vinte minutos a menos  e demora para chegar em seu principal objetivo. Mas veio para comprovar dois grandes nomes no cinema, Luca Guadagnino (garantido no remake ‘Suspiria’) e Timothée Chamalet e trata seu assunto com extrema elegância, comoção e autenticidade.  
  

NOTA: 7,9

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