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domingo, 17 de dezembro de 2017

Crítica - 'Star Wars: Os Últimos Jedi'


   Muitos comentaram, na época do lançamento, o episódio ‘O Despertar da Força’ assentar a sua estrutura narrativa em cima do primeiro longa da trilogia original da franquia, ‘Uma Nova Esperança’ de 1978. Apoiando na nostalgia e renovando os ares com os personagens Ray, Finn e BB-8, os eventos traçados pelos heróis eram um tanto previsíveis, principalmente para os fãs. Agora Rian Johnson quebra o estigma da saga e entrega o filme mais diferente, ousado e surpreendente de Star Wars, ‘Os Ultimos Jedi’.     

    A trama continua exatamente de onde terminou os eventos em ‘O Despertar da Força’. Rey (Daisy Ridley) encontra Luke (Mark Hammil) em uma ilha isolada na tentativa de incentivá-lo a ajudar a aliança Rebelde na guerra. Ao mesmo tempo, a Nova Ordem descobre a localização da última base Rebelde, liderada pela General Organa (Carrie Fisher) e parte para destruí-la.               

   ‘Os últimos Jedis’ começa a todo vapor com uma batalha espacial de tirar o fôlego em uma das melhores cenas de toda a franquia. Acompanhamos o comandante Poe (Oscar Issac) e os pilotos rebeldes atacando a nave Supremacia, mas logo em seguida precisam fugir com a chegada da frota inimiga. Tudo é muito vistoso e brilhantemente executado, com a câmera em primeira-pessoa, close-ups e planos abertos reforçam a imensidão do espaço, das naves e principalmente do caos.
 

      A direção de Rian Johnsson (conhecido pelo ótimo ’Looper’ e três episódios de ‘Breaking Bad’) não se prende ao estilo predeterminado pela trilogia clássica, e inova tanto no recurso narrativo como técnico. A própria montagem e a edição não se prendem as convenções da saga com o uso de fade-in/fade-out e as clássicas cortinas e, Johnsson imprime originalidade nesse aspecto (vide na cena do primeiro treinamento da Rey). Não só isso, a edição de som tem um papel importante, principalmente por trazer uma das cenas mais memoráveis do filme (não dita para evitar spoiler) e a narrativa em off em uma passagem psicodélica de Rey.              

   O roteiro também assinado por Johnsson não se sustenta pela nostalgia, como feito em ‘O Despertar da Força’. Aqui, ele concede espaço para novos personagens demonstrarem suas personalidades, como Poe, Rose (Kelly Marie Tran) e a vice almirante Holdo (Laura Dern). Dedicando seu tempo não só a eles, como para todos os personagens pequenos realçando o realismo na trama e acrescentando até mesmo a comédia.             

   Entretanto, como o filme é marcado por idas e vindas entre núcleos narrativos e por diferentes fases de conflitos de seus principais personagens, há certa quebra de ritmo de uma passagem para outra. No meio delas, acompanhamos a desinteressante trama envolvendo Finn e Rose (momentos à la Disney) e a apresentação de DJ (Benicio Del Toro). ‘Os últimos Jedi’ demora a encontrar seu ritmo, mas quando encontra... É uma avalanche de reviravoltas e surpresas capaz de deixar muitos de queixo caído.  

  Dentre elas (sem spoiler), algumas podem frustrar os fãs pelo arco de certos personagens não ter um impacto narrativo como muitos esperavam. Mas outras são irretocáveis e memoráveis, assim como a iconografia com o bom uso de efeitos práticos e um ótimo CGI. Visualmente ‘Os últimos Jedi’ é de longe o melhor da saga. Aplausos para a cena da batalha de Crait.          
 
   Diferente de tudo o que a saga construiu durante todos esses anos. ‘Star Wars: Os Últimos Jedi’ é ousado, surpreendente, de um requinte visual absurdo, de momentos memoráveis e verdadeiramente genuínos. O filme entra no hall dos melhores da franquia. 
        

NOTA: 9,5
                                          

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