Estreias

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Crítica - 'A Ghost Story'


   Você nunca verá um filme parecido como ‘A Ghost Story’. Original, incomum, inestimável, excêntrico e alegórico, o cineasta David Lowery (conhecido pelo bom ‘Amor Fora da Lei’) criou sua própria linguagem cinematográfica e entrega uma produção jamais vista nos últimos anos.     

   Muitos vêm criticando um cinema saturado, pouco criativo e repleto de remakes, reboots e afins. A questão é, quando um filme diferente entra em cartaz, muitos o julgam como Cult e apenas vinculado para críticos. Mas a verdade é o filme ser “grande demais para mentes pequenas” e, esse e mais um caso em ‘A Ghost Story’.             

   A trama acompanha a serena e pacifica vida do casal C (Casey Affleck) e M (Rooney Mara) morando em uma simples casa. Porém o pacifismo é rompido quando C é encontrado morto em um acidente de carro e, um fantasma, representando pelo lençol com dois buracos onde estariam seus olhos, retorna a residência  tentando conectar com a esposa desolada.        
 
   A direção assinada por David Lowery é interessantíssima ao maquilar o retrato impulsivo e emotivo do sofrimento. Para isso, o filme foi rodado inteiramente com planos quadrados e bordas arredondadas (em certas ocasiões até com vinheta) remetendo a uma fotografia antiga, dando a sensação de um artefato antigo. Não apenas isso, os planos estáticos e os cortes em fade foram essências para denotar a forte metáfora do filme, mas exigindo muita paciência do espectador.      

   Com o roteiro assinado pelo próprio Lowery, há pouquíssimos diálogos em ‘A Ghost Story’.  O diretor conta a sua história através de imagens e na grande presença das músicas tanto diegéticas quanto extradiegética para representar a mensagem da obra.  Não há necessidade de diálogos, mas quando tem a oportunidade reforça a imponência e o simbolismo do filme quando alguém diz “We build our legacy piece by piece”.

   É bem verdade que o filme não deve agradar a todos que esperam assistir a um terror, e pelo seu ritmo moroso. É curioso como Lowery lida com certas cenas deixando a câmera parada enfatizando o tormento da personagem e essencial em sua proposta, mas repito: exige paciência do público mesmo com seus noventa minutos.         

  Mas a grande mensagem de ‘A Ghost Story’ não é e a figura do fantasma representar o medo em si, mas sim uma forte alegoria do tempo, da perda e do amor. 


NOTA: 8,4
          
                  

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