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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Crítica - 'Manchester À Beira-Mar'


   ‘Manchester À Beira-Mar’ é o filme mais humano de 2016. A fórmula de contar sua história foge dos padrões prosaicos de muitos filmes, onde os diretores buscam enaltecer o melodrama e comover o espectador. Mas este não é o caso do cineasta Kenneth Lonergan que consegue transmitir o peso de como a vida é apenas apresentando os momentos mais criveis possíveis.                  

   A trama acompanha a vida de Lee Chanler (Casey Affleck), um jovem perturbado que trabalha como zelador em um prédio de Boston. Sua rotina muda quando ele recebe a notícia que seu irmão (Kylle Chandler) faleceu, ficando sob sua responsabilidade cuidar de seu sobrinho Patrick (Lucas Hedges), e com o dever de se mudar para a cidade deles. Porém, um trauma de seu passado faz com que Lee queira distancia daquele lugar.     

   ‘Manchester À Beira-Mar’ parece mais um daqueles filmes “chatinhos”, igualmente cheios de enrolação, onde o cansaço domina o espectador em boa parte da produção – e de certa forma acontece devido ao seu ritmo vagaroso. Mas sua verdadeira essência está nas complexidades de seus personagens, principalmente de Lee Chanler, um sujeito angustiado, reprimido, carregado de sentimentos de culpa, onde o perdão entra em questão a ponto de indagar: como se perdoar por ter machucado os outros.                          
 
    E nesse clima angustiante e de uma tristeza tão deprimida, o filme afeta o espectador. Praticamente ocorrendo no inverno, estação fria, a base de tons acinzentados, meio triste, amargurado, cenário ideal para o protagonista. O ator Casey Affleck caiu como uma luva no personagem Lee Chandler em uma interpretação contida, por hora, perturbada e, provando que, muitas vezes o menos, é mais. Atuação digna de uma indicação ao Oscar!  

  
  Seguindo esse mesmo raciocínio, o cineasta Kenneth Lonergan mostra-se excelente em usar descomedidamente palavras e cenas para expressar algo sem importância do drama humano; tudo é muito crível, mas com tamanho valor para a trama em si. Também realiza uma ótima estrutura de flashbacks, jogando momentos felizes no drama principal capturados por uma fotografia menos apática. Entretanto, certas mudanças de tom recorrentes no filme é descabíveis como, do drama para o humor delicado.                       

 Quem também mereceu a indicação ao Oscar 2017, é a atriz Michelle Williams. Vivendo a mulher do protagonista, aqui ela aparece em três momentos da trama, e simplesmente, ela rouba a cena, principalmente em sua última aparição quando retrata o trauma de seu marido, impossível ninguém se emocionar.    

 ‘Manchester À Beira–Mar’ é um filme difícil, triste, pesado sobre a perda e o recomeço, discorrendo de temas inclementes e paixões delicadas, somado a um roteiro sensível e humano.     
            

NOTA: 8,2




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