Estreias

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Crítica - 'Moonlight'


     De onde vim? Para onde vou? Quem eu sou? Essas três indagações sempre estiveram presentes ao longo da história humana na tentativa de elucidar às possíveis respostas. De forma condolente e verdadeira, ‘Moonlight’ ingressa nesse contexto para encontrar a verdadeira identidade do homem diante das adversidades e conexões ao seu redor.           

   Escrito e dirigido por Barry Jenkins, a partir de uma idéia de uma peça, o filme nada mais é que um verdadeiro estudo de personagem. Ambientada nos anos de 1980, a trama acompanha a trajetória do tímido garoto Chíron, crescido em uma comunidade pobre em Miami ao lado de sua mãe alcoólica (Naomie Harris), até sua fase adulta.

  O filme acompanha a trajetória do garoto Chíron em três fases da vida: infância, adolescência e adulta. Durante esses eventos, sua personalidade construída nos minutos iniciais e o ambiente hostil em que vive são essenciais para a trama crescer, e o espectador sentir todo o peso e a dor do personagem. E isso, o diretor Jenkins consegue fazer com perfeição realizando um trabalho de consciência social muito forte, além de tratar a questão da identidade com lirismo e realismo, e em como as pessoas a nossa volta molda nosso caráter.                

 ‘Moonlight’ é muito mais que uma jornada de autodescoberta. A trama levanta questão sobre a criação familiar, sexualidade, drogas, conceito de masculinidade, identidade negra, e os conflitos vivenciados pelo protagonista, como o bullying. Mesmo diante de todos esses tópicos, o filme nunca se torna moralizante e trabalha todos esses elementos com sutileza.

  Tímido, quieto e fraco, a personalidade imprimida pelo pequeno Chíron é interpretado pelo ator Alex R. Hibbert e posteriormente pelos atores Ashton Sanders e Trevante Rhodes, na adolescência e na fase adulta, respectivamente. Com o crescimento do personagem diante de todas as dificuldades, os três atores são muito competentes em traçar sua personalidade e sua maturidade com o passar dos anos. Com destaque ao R. Hibbert, que mesmo quieto, consegue transmitir todo seu sofrimento com um olhar. E na fase adulta recordando todas as suas mágoas.         

   Com um primeiro ato excelente, o filme cai de produção nos atos decorrentes. ‘Moonlight’ se torna pragmático e seu ritmo cadenciado, e alguns momentos tediosos, cansa o espectador com a chegada do último ato. Porém, continuamos a par da história pelo competente trabalho de edição e montagem da trama.   


  Mesmo pragmático, ‘Moonlight’ é um refinado estudo de personagem abrangendo temas complexos com lirismo, poesia, e acima de tudo, realismo.   



NOTA: 8,5






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