Estreias

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Crítica - 'Capitão Fantástico'


    ‘Capitão Fantástico’ não é apenas um filme, mas sim um convite para viver. Viver de maneira gratificante todo o nosso dia-a-dia aproveitando todas as riquezas oferecidas pelo mundo, e agradecido com cada novo aprendizado.  Obrigado, Matt Ross! Obrigado por nos presentear com o melhor filme do ano, até o momento.      

    Na trama, Ben (Viggo Mortensen) e sua esposa Leslie (Trin Miller) impõem uma criação diferenciada para os seus seis filhos, morando longe de qualquer civilização, mantendo-os longe das astucias, dos vícios e das futilidades do mundo e da globalização. Quando Leslie vem a falecer, todos precisam enfrentar a realidade, causando transtornos nos filhos, enquanto Ben tenta ao máximo manter seus princípios.            

   A constante viagem da família é marcada por um grande choque cultural. Diante de sua base educacional completamente diferente dos paradigmas pressuposto pela sociedade atual, as crianças não possuem qualquer trato social, mas elas apresentam conhecimentos maduros o suficiente para deixar qualquer um de queixo caído. E tudo isso é tratado de maneira divertida, mas também muito inteligente ao oferecer ótimos momentos dramáticos expondo de modo simples a real natureza do homem.                          

  E nesse contexto o filme mexe com o nosso modo de ver e viver. Mesmo a simplicidade da essência humana: genuína, independente e honesta, quando moldada pela sociedade caímos nas contrafações morais. Todos os acontecimentos desse roadmovie da nova realidade da família de Ben são incríveis, o cineasta Matt Ross conduz a trama sem floreios entregando momentos verdadeiros marcado pelo carisma de todos os atores mirins, que nos esquecemos que estamos assistindo a um filme.                  

    Diferente do carisma dos seus filhos, Viggo Mortensen entrega uma atuação sórdida contrário a todas as etiquetas imposta pela sociedade mantendo todos seus ideais. O ator mostra todas as camadas de seu personagem e, é impossível não ficar do lado dele. Méritos também para o jovem ator George MacKay concedendo fortes cenas enfrentando seu pai. Afinal, todo o elenco mirim está ótimo, seja na inocência, na bravura e na felicidade.  

    A fotografia em planos abertos valorizando os cenários e a contida trilha sonora presentes em momentos emocionantes reforçam a beleza do roteiro de ‘Capitão Fantástico’. A diferente versão da música ‘Sweet Child O’ Mine’ é exemplo disso.                                              
 
   Tal motivo para o longa não receber nota máxima é porque o cineasta não arrisca em tomar uma firme posição entre os dois mundos, tentando agradar ambos os lados. Com seu final questionável, ‘Capitão Fantástico’ entrega momentos genuínos, incríveis, engraçados, filosóficos e mexe nossos sentimentos a cerca da vida. Neste mundo doente, de palavras vazias e ações demagogas, o filme não é apenas apropriado, mas sim necessário.

NOTA: 8,8


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